Já foste um rio
Já foste um rio, eu sei
Caudal de violenta paixão
E eu um barco, nele e por ele, perdido
Sem bússola, sem norte, todo emoção
Já foste um rio, eu sei
Quando o vento ainda soprava de feição
E a vela era um coração confundido
Entre a espuma da felicidade e as vagas da razão
Já foste um rio, eu sei
Deixaste de o ser, sem pudor nem perdão
Sou ainda o barco, que já não faz sentido
Encalhado no leito seco de um amor sem solução
Carlos Preto