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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O tempo e as Jabuticabas



Contei meus anos e descobri que terei menos tempo
para viver daqui para a frente
do que já vivi até agora

Tenho muito mais passado do que futuro
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de jabuticabas
As primeiras, ele chupa displicente....
Mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço...

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades...
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados...
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte...

Já não tenho tempo para conversas intermináveis....
Para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias
Que nem fazem parte da minha...

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas que, apesar da idade cronológica, são imaturas...
Detesto fazer acareação de desafetos
Que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral...
As pessoas não debatem conteúdos...
Apenas os rótulos...

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos...
Quero a essência....
Minha alma tem pressa...

Sem muitas jabuticabas na bacia
Quero viver ao lado de gente humana, muito humana....
Que sabe rir de seus tropeços...
Não se encanta com triunfos...
Não se considera eleita antes da hora...
Não foge de sua mortalidade...

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade...
O essencial faz a vida valer a pena...
E para mim
Basta o essencial !

Créditos: Poema de  Rubem Alves
Poeta, Filósofo, Teólogo, Psicanalista, 
Professor e  Escritor.